terça-feira, 6 de março de 2012

TRISTE  FIM



Criado pela natureza,
Corria pelo vale afora,
O riacho limpo e puro,
Que não mais existe agora.

            Suas águas claras e frias,
            Cuja pureza traduzia,
            Segurança ao saciar nossa sede,
            Sem necessitar de qualquer alquimia.

Casado com o manto verde,
Que suas margens cobria,
Formava um belo cenário,
Cuja beleza, igual nunca se via.

            De suas águas também se extraia,
             O pescado do lazer,
             E os mergulhos em suas poças,
             Nos dava muito prazer.

Batizado Córrego dos Cubas,
Em homenagem ao seu protetor,
Durante anos seguidos,
Correu com muito primor.

            Porém, é sempre evidente,
            Toda vez em que o homem aparece,
            Destrui com sua fúria incessante,
            O que a natureza nos oferece.

Assim nosso querido córrego,
Teve seu destino incerto,
Deixou de ser puro e saudável,
Para ser um riacho inerte.

         Não bastasse ser deturpado,
         Aos poucos, em esgoto foi transformado,
         Para servir  a grande cidade,
         Ficando todo deteriorado.

À mercê do chamado progresso,
Que destruiu sua aparência,
Foi recoberto de pedra,
Extinguindo sua existência.

          Agora só nos resta a saudade,
          Do saudoso ribeirão,
          Que outrora tinha vida,
          Hoje, desaparecido no chão.

Esse é um exemplo típico,
Da grande destruição,
Feita pelas mãos do homem,
Nessa nossa imensidão.

           Adeus Córrego dos Cubas,
           Cujo espaço doou com seu recesso,
           Originando uma longa estrada,
           Como fruto do progresso.

                                                                 Silvio Ribeiro

                     O  TREM  DA  SAUDADE

                                                                                                

            Nhec, Nhec, Nhec, Nhec...
            Vem chegando nosso trem,
            Vamos logo pra estação,
            Pois ele não espera ninguém.

                        Essa era a vida alegre,
                        Serpenteando a imensidão,
                        Do querido trenzinho ligando a capital do estado,
                        A nossa Guarulhos de então.

            Seu caminho era longo, durava cerca de hora e meia
            Todo seu percurso,  era de rara beleza,
            Oferecendo aos usuários,
            Exuberantes paisagens da natureza.

                        Parava em treze estações,
                        Cada uma tinha sua glória,
                        Ligada a determinado fato,
                        Que perpetuado, contava sua história.

            A primeira, do Tamanduatei,
            Ficava lá na Capital,
            De onde partiam os trens,
            Sempre no horário ideal.

Depois vinha Areal, Carandirú, Paulicéia, e Parada Inglesa,
Parando em Tucuruvi,  logo após na Vila Mazei,
Chegava  em Jaçanã,  que originou o  “Trem das Onze”,
Que todos ainda cantam com prazer.

            Depois Torres Tibagy,
            No meio da mata que se abria,
            Parada obrigatória dos passageiros,
            Que iam no Clube da Bolsa de Mercadoria.

Chegando na de Gopoúva,
Que tinha o nome do bairro recém-criado,
Ampla, bem organizada,  recebia em suas plataformas,
Uma composição de cada lado.

            A penúltima estação que existia,
            Era a de Vila Augusta,
            Ficava num espaço verde, alto, de boa vista,
            Sempre como vigilante astuta.

Finalmente a de Guarulhos,
Onde  hoje vemos a grande praça,
Cujo nome muito lembra,
Os quatrocentos anos que nos abraça.

            O saudoso trenzinho extinto,
            Transportou nosso progresso,
Circulou cinqüenta anos corridos,
E toda sua existência  foi um sucesso.

Pelos desígnios da vida,
Foi totalmente desativado,
Deixando para os seus usuários,
Lembranças  do tempo passado.

            Hoje nos resta a saudade,
            Daquele alegre trenzinho.
            Que passou por nossas vidas,
            Deixando muito carinho.




    Silvio Ribeiro

















A    C A T E D R A  L



Nascida de uma ermida,
Muito simples e singela,
Cresceu, ficou robusta,
Há muito tempo és imponente e bela.

            Altiva, deslumbrante,
            Tens a marca de seu fundador,
            O destemido Padre Paiva,
            Que além de padre, também era educador.

Tens como Santa Padroeira,
Nossa Senhora da Conceição,
Em homenagem a oito de dezembro,
O dia de sua fundação.

            No início, além de santuário,
            Servistes como local de instrução,
            Aos silvícolas que habitavam a cercania,
            Desta grande imensidão.

És marco inicial,
De uma grande comunidade,
Que com o passar dos anos,
Transformou-se em bela cidade.

            Patrimônio guarulhense,
            Desta terra varonil,    
            Conhecida nos quatro cantos do mundo,
            E orgulho do nosso Brasil.

Suas linhas arquitetônicas,
Nos trás a recordação,
Do trabalho pioneiro,
Que resultou sua construção.

            Ainda que as vezes esquecida,
            Continuas bela e imponente,
            Não há que não te veja,
            Pois, estás sempre a nossa frente.

Os cultos em ti são concorridos,
Sua importância para todos é real,
Principalmente nas missas, casamentos e batizados,
Para a elite, o local ideal.

            Por muitos anos seguidos,
            Serviste como ponto de encontro,
            Na grande missa do galo,
            Cuja lotação era um espanto.

És pano de fundo soberbo,
Com seu belo visual,
Que parece dominar a tudo,
Na grande região central.

            Casa de Deus abençoada,
            Abriga as pessoas sem distinção,
            Sempre aberta a todos,
            Que comungam com devoção.

Silvio Ribeiro
SALVE   O   HINO


Como símbolo guarulhense,
Contas a razão desta terra,
Por toda sua criação.
Inevitavelmente prospera.

            À professora Nicolina Bispo,
            Cabe as honras de sua elaboração,
            Onde retrata corretamente,
            Toda sua extensão.

Em ti se lê vultos antigos,
E as demais coisas da história,
Que representa esta terra,
Com grandeza, pujança e muita glória.

            Falas de Guarulhos,
            Desde sua fundação,
            Até os dias atuais,
            Com carinho, respeito e devoção.

És símbolo desta terra querida,
Retratas sua história sem igual,
Merece todo nosso respeito,
E a gratidão geral.

            Assim te cantamos alegremente,
            Com muita fé no coração,
            Sua música  ecoante,
            Que se espalha na imensidão.
Silvio Ribeiro

RECRUTA  GUARULHENSE



O progresso quando chega,
Trás muita felicidade,
Tanto pra quem mora no campo,
Como os que vivem na cidade.

            Assim aconteceu em Guarulhos,
            Aos recrutas militares,
            Para servir o governo,
            Partiam pra outros lugares.

Havia três opções,
Exercito, marinha  e  aeronáutica,
O exercito e a marinha ficava fora,
E aqui somente a aeronáutica.

            Porém, não era tão fácil,
            Ingressar na aeronáutica,
            Pois havia um teste de aptidão,
            Feito por escrito e na prática.

Além da prova escrita,
Também pesava a altura,
O candidato devia ter um metro e setenta,
E mostrar certa desenvoltura.

            No exercito era mais fácil,
Até com um metro e cinqüenta aceitava,
            Bastava ser aprovado no exame médico,
            E logo se incorporava.


Na marinha, tudo bem difícil,
Pois havia somente em Santos,
O simples alistamento,
Para o candidato era um desencanto.

            O problema era a distância,
            Aos  que para lá se aventurava,
            Além de ser muito longe,
            A viajem os atormentava.

Para quem lograsse a aeronáutica,
No quartel  de cumbica é que servia,
Cujo acesso era feito pelo trem de Guarulhos,
O único meio de transporte que existia.

Com uniforme caqui-amarelado,
Lotavam o trem especial,
Onde  viajava  somente militares,
Dos arredores e da capital.

Já os do exercito,
Que da aeronáutica escapava,
Eram mandados pra ser recruta,
Na cidade de Caçapava.

            Sempre uma viagem dramática,
            Não havia condução adequada,
            Era necessário ir de carona,
            Esticando o dedão na estrada.

O regresso  demorado,
Durava quinze dias  e até um mês,
Era sempre comemorado,
Pelos familiares todos de uma só vez.

Mas o tempo trouxe o progresso,
Que a todos facilitou,
Para o recruta de vida difícil,
De certa forma, tudo melhorou.

Foi criado o Tiro de Guerra,
Unidade derivada do exercito,
Para formar os militares de Guarulhos,
Tudo aqui e bem mais perto.

Segundo o regulamento,
Que rege o Tiro de Guerra,
Obriga servir menor tempo,
Que os serviços de outra esfera.

O  jovem pode servir a pátria,
E a outros afazeres se dedicar,
Além dos serviços particulares,
Também pode estudar.

Diferente dos mais antigos,
Que ficavam muitos dias fora,
Hoje ele está sempre em casa,
Devendo apenas cumprir sua hora.

De qualquer forma, tudo é válido,
Servindo o exercito, marinha ou aeronáutica,
Olavo Bilac, nosso poeta já dizia,
O  importante é servir e ser útil na vida e na pratica.

Silvio Ribeiro


PAVILHÃO GUARULHENSE



No alto do grande mastro,
Desfraldada pelo vento,
Tremulas, símbolo desta terra,
Que foi fundada onipotente.

            Suas cores nos traduzem,
            O que representa nossa gente,
            Do azul-anil que lhe faz fundo,
           os ameríndios, bandeirantes, portugueses,
            Que viveram comumente.

Das anhumas que habitavam em abundância,
As margens do grande rio sedento,
Que banha nossas terras com saudade,
Relembrando aquele antigo momento.

            Símbolo eterno e supremo,
            Deste lugar próspero e cordial,
            Estrela que nos serve de guia,
            Nos caminhos desta terra sem igual.

Meu respeito por ti é sincero, 
Terás sempre meu amor ardente,
                   Pavilhão de esplendor, belo e sedutor,
                   Lábaro de luz fulgente, sois Guarulhos realmente.


Silvio Ribeiro


COLÉGIO  MONTEIRO  LOBATO



Enquanto existiu foi um sucesso,
O Colégio Monteiro Lobato,
Que formou muitos alunos,
Dando-lhe instrução e muito trato.

            Era muito importante,
            Para a Guarulhos de então,
            Cujo respeito era cultivado,
            Pela sua servidão.

Instalado no centro da cidade,
Ao lado da  atual Catedral,
Onde vemos o colégio Eniac,
Como se fosse seu ancestral.

            Seus alunos sempre alinhados,
            Com uniformes branco-esverdeados,
            Transitavam pelas ruas do município,
            E eram por todos respeitados.

Suas apresentações eram marcantes,
Com muito garbo e desenvoltura,
Nos desfiles cívicos e patrióticos,
Mostravam sua bravura.

            A fanfarra cuja fama,
            Tinha naipe de banda marcial,
            Sempre suas apresentações,
            Fazia o show final.


Todos trabalhavam unidos,
Com garra e perseverança,
Transmitindo aos admiradores,
Momentos de paz, amor e esperança.

            Ninguém ficava de fora,
            Alunos, docentes e direção,
            Todos participavam do trabalho,
            Com presteza e devoção.

Muitos guarulhenses importantes,
Hoje cidadãos respeitados,
Foram alunos do antigo Monteiro,
Que alcançaram bons resultados.

            Pelos desígnios do progresso,
            Que assola às sociedades,
            O colégio teve seu fim,
            Encerando suas atividades.

Colégio Monteiro Lobato,
Casa de ensino que  ficou na história,
De ti temos saudade e lembranças,
Gravados em nossa memória.
           

                                                 Silvio Ribeiro







CINE REPÚBLICA







Localizado na Praça  Conselheiro Crispiniano,

Estava o velho cinema,
Seu nome Cine República,
Cuja fama era estupenda.

            O único cinema no centro,
Dos poucos que haviam em Guarulhos,
Era o mais querido de todos,
Tido com muito carinho e orgulho.

Suas sessões eram concorridas,
Ninguém queria ficar de fora,
Todos aguardavam na fila,
Até que chegasse a hora.

            Raramente estava vazio,
            Em qualquer sessão ele lotava,
            Principalmente nos sábados à noite,
            Nas matinês de Domingo, a coisa se agravava.

Os filmes mais assistidos,
Eram os de farowest americano,
Os seriados e as aventuras,
Também os filmes mexicanos.

            Quem mais valorizava o cinema,
            Eram os casais de namorados,
            Que utilizavam suas sessões,
            Para os encontros marcados.




Cinema de porte médio,
Havia  seiscentos lugares sentados,
Nos filmes mais famosos,
Até os corredores eram lotados.

Os seriados eram acompanhados,
Todos os domingos na matinê,
Ninguém faltava em um só capítulo,
Para a seqüência não perder.

Era o lazer principal,
Onde as pessoas se divertiam,
Todos aguardavam na fila,
Quando para lá se dirigiam.

Sempre havia o intervalo,
Entre o filme e o seriado,
As pessoas se dirigiam a lanchonete,
Para tomar o refresco de groselha bem gelado.

Enquanto durasse o intervalo,
Eram trocados revistas, gibis e tudo mais,
Os quais sempre levados ao cinema,
Como parte dos costumes gerais.

            Aquele que fosse ao cinema,
            E que estivesse acompanhado,
            O que entrasse primeiro,
            Guardava o lugar ao lado.


O Cine República foi extinto,
Mas seus momentos  foram de glória,
Diferente dos cines atuais,
Que nem sequer tem história.


Nada se compara seu romantismo,
Cuja história só nos traz saudade,
Dos bons tempos vividos aqui,
No centro desta cidade
                                Silvio Ribeiro

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